segunda-feira, 21 de junho de 2010

Um parágrafo de amor....


E viveram felizes para sempre.
Ela, que só tinha olhinhos para ele, pressentiu o princípio dos dias contados quando a leitura dos livros com letras mais pequeninas se assemelhava, a ela, a uma forma de utilizar a força como um meio para atingir um fim.
Primeiro custava.
Custava muito.
Depois doía.
Doía muito.
Não tardou até que o simples descolar das pestanas se transformasse num sacrifício desumano.
Não que aquilo fosse sinal de que o amor estava a desaparecer a olhos vistos.
Não, não. Não era.
Aquilo era uma simples dor física, facilmente resolvida com uma ida ao oftalmologista.
O problema residia no facto de ela, um dia, há muito tempo, ter prometido olhinhos só para ele.
Pensando na jura antiga, foi então que decidiu arriscar a cegueira a colocar-lhe, assim, de um dia para o outro, um valente par de óculos.

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