segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A única verdade..




Que poderei eu dizer?
Eu sentia-me tão longe.
Agitava-me por aí, dispersa no interior do meu naufrágio.
Vagueava tão perto do teu rosto, da tua respiração.
Tão perto de te perder.
Eu decompunha-me arredada das emoções.
Os teus pés excediam as fronteiras, tocavam-me a alma, mas o meu pensamento, simplesmente, envelhecia.
Ausente.
Que mais poderei eu dizer?
Sei que anoitecia e que nesses momentos te desbaratava, sempre que não pronunciava a verdade.

Agora, como poderei segredar-te tudo o que as minhas mãos reflectem?
Recordo-me que amordacei as palavras como se de ignorância se tratasse.
Hoje, depois da imensidão do deserto adormecer no meu destino, posso dizer-te o que, finalmente, reconheço.
Amo-te.

Sim, foi sempre amor o que não fui capaz de navegar.
E tanto que me doeu esconder de todos os braços, pernas, dos nossos corações, da nossa vida.
Esconder de mim.
O que ainda poderei dizer?
Sei que não te poderia perder.
Nem esta noite, nem nas marés que reflectem os múltiplos que convivem nas minhas entranhas, nem nas estrelas que reproduzem o teu olhar.

Quero-te sempre acordado para te falar de tudo o que deixei de dizer.
Todo este tempo.
Todos os livros e todas as canções.
Todas as cidades.
Quero-te perguntar se me perdoas, os minutos, as horas, a vida que demorei a aceitar esta minha, única, verdade.
Amo-te.

Como é meu hábito (ou tacitamente determinámos) despedi-me de ti com dois castos beijos:
doeram como feridas nos pulsos.

Queria apertar-te com furor juvenil e não venci o medo.

Digo-te agora colorido ser alado aqui nesta página onde por fim metaforicamente matei a cobardia:
amo-te

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